Assim como os humanos, animais domésticos sofrem com alergias. Segundo a médica veterinária Christina Resende, a doença está cada vez mais comum em cães e gatos e se expressa por meio de reação a alimentos, picadas de insetos, pólen de plantas, ácaros, medicamentos e produtos químicos.
Alérgico a quase todos esses produtos, o bulldog inglês Inrrosco, de 5 anos, quase morreu quando era filhote, por ter comido salsicha. Sua tutora, a comerciante Angela Rodrigues da Cunha Cardoso, conta que foi nessa época que a família descobriu uma das alergias do Inrrosco. “Ele não pode comer nenhum tipo de alimento que contenha corante. No dia em que comeu a salsicha, ficou sem respirar e tivemos que correr para o veterinário”, disse.
A comerciante conta que além de alergia alimentar o bulldog inglês é alérgico a alguns medicamentos, picada de insetos, picada de carrapato, ar condicionado e produtos de limpeza. “Limpamos a casa sempre com os mesmos produtos e vivemos em função do Inrrosco, para evitar que ele fique doente. Quando percebemos que ele vai entrar em crise, já aplicamos antibiótico ou corticóide. Ele está sempre em tratamento”, afirmou Angela Cardoso.
Tratamento é feito em duas etapas, após o diagnóstico
Segundo a veterinária Christina Resende, as alergias podem acontecer por várias razões, sendo uma delas por prédisposição genética. A doença é crônica e não tem cura. “O que fazemos é tentar controlar os sintomas, na busca de proporcionar melhor qualidade de vida aos animais”, afirmou.
A veterinária explica que as alergias são diagnosticadas depois de avaliar todo histórico do animal e eliminar outras possíveis doenças. “Há também um exame feito na pele do animal que ajuda a dar um diagnóstico definitivo de que ele é alérgico a determinada substância”, disse.
Christina Resende afirma que, em gatos, alergias respiratórias, como asma e bronquite, são mais comuns. Já nos cães, os quadros alérgicos que ocorrem com maior frequência estão ligados às doenças de pele.
Depois de descoberta a doença, o tratamento é feito em duas etapas. De acordo com Christina Resende, a primeira fase consiste em retirar o animal da crise, identificar e tratar as possíveis infecções secundárias. “Nesta fase, pode ser necessário o uso de antibióticos, antifúngicos e medicamentos a base de corticóides, dependendo da gravidade e do tipo de infecção identificada”, afirmou.
Controle ambiental ameniza e evita futuras crises
Controlados os sintomas da doença, é preciso tomar algumas precauções para evitar que o animal entre em crise novamente. A veterinária explica que, nessa fase, o controle ambiental deve ser rigoroso, ou seja, retirar do contato do animal tudo que possa causar alguma reação alérgica. “Por exemplo: animais que apresentam alergias na pele devem utilizar shampoos e sprays hipoalergênicos. Animais que apresentam alergia a alimentos devem comer rações especiais e qualquer outro tipo de comida deve ser retirada de sua dieta”, disse a veterinária.
Quando os medicamentos não conseguem combater os sintomas alérgicos, o tutor tem a opção de fazer a imunoterapia. Segundo a veterinária, o tratamento consiste na realização de testes alérgicos que identificam o agente causador do sintoma e, assim, é possível produzir vacinas específicas para o caso. “As vacinas não curam a alergia, mas ajudam a controlar os sintomas clínicos”, afirmou.
O aparecimento da alergia em animais que possuem pré-disposição genética é inevitável. No entanto, é possível evitar o contato do animal com aquilo que desencadeia uma crise. “O tutor deve evitar que o animal entre em contato com as substâncias que ele possui alergia e não deve medicar os bichos sem orientação de um veterinário. Alguns tutores costumam abusar de medicamentos a base de corticóides, o que pode provocar doenças ainda mais graves e diminuir a expectativa de vida do animal”, afirmou Christina Resende.
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